No silêncio, as palavras brotam como gama cinza.
Uma após uma, nascendo sem sentido, crescendo sem rumo, morrendo sem história.
Sem flor, sem cor, sem vida, vão-se todas as raízes: esmorecem ao sol
escaldante da ignorância. São como as ondas do mar, que crescem, quebram e
partem, daqui para nunca mais. Cansam o próprio tempo, perdem a razão. Já se
foram os momentos, já se foram os sorrisos, já se foram os sonhos. Fica o
silêncio.
Mas mesmo nessa
confusão de sons que envolve o silêncio, vez ou outra, na estação certa, sopra
uma brisa úmida de esperança e raios do sol se inclinam despertando a vida. E
as palavras que antes não tinham propósito agora tem um novo vigor e servem de
alimento, formam tramas que se estendem por dimensões, antes, inalcançáveis,
aprofundam-se as raízes que bebem águas fora das fontes do tempo. Nasce a
poesia.
Pedro Lança Gomes, Pedro Augusto Guarani Kaiowá.