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terça-feira, 4 de julho de 2017

Agradecimentos gerais

Os últimos passos de uma longa jornada trazem consigo, invariavelmente: satisfação, arrependimentos, aprendizados e saudades. Em dias assim, a prata da voz não expressa o ouro do coração.

Próximo à realização de um sonho, o maior sentimento que preenche o coração do homem deve ser sempre o de gratidão. Antes era uma criança cheia de vontades e planos, mas perdido diante de um mundo tão farto.  O segundo muito obrigado é para meus incondicionalmente amados pais, por me ensinar o caminho do qual jamais deveria desviar, por me amparar no sofrimento e tomar por seus propósitos a minha felicidade, por me amarem, de forma tão intensa, que uma vida inteira de agradecimentos não seria o suficiente. O primeiro muito obrigado, e não poderia ser diferente, destina-se ao grande autor, Deus, que me concedeu o dom precioso da vida, sem o qual não faria sentido qualquer outro. Tenho duas lindas Luízas em minha vida: por uma levo inefável carinho fraternal de dias, juntos, crescendo e aprendendo a viver; com outra divido a esperança do futuro, com a continuidade da belíssima história de amor que escrevemos. Ao meu avô, agradeço pelos incríveis diálogos e por ser tamanha inspiração; à minha família, por ser amparo em todos os momentos.

Grandes amizades foram construídas, e a elas eu devo cumplicidade, perdão, paciência e alguns dos melhores momentos da minha história. Também grandes mestres eu tive, quem me ensinaram desde os mistérios do corpo humano até a complexidade do dia a dia como médico. Formou-se ali outra grande família, da qual tenho muito orgulho de pertencer.

Agradeço a equipe de cirurgia do Hospital Cristiano Machado por me acolher com tanta compreensão e abrir novos horizontes de entendimento. Agradeço também a equipe do CTI do Hospital Vera Cruz por contribuir substancialmente para minha formação através da proximidade com a vida e respeito à morte.

Por fim, carrego todos em meu coração, e não deixo lágrimas, afinal as boas lembranças não morrem, ficam encantadas.





Pedro Lança Gomes

Agradecimento a Deus

Obrigado pelos dias cansados, pelo tanto ouvir da dor, pelos vários abraços não dados. Obrigado pelas noites em claro, sonhando acordado pelo fardo do saber. Obrigado pelo tempo em que tivemos o privilégio de abnegar-nos em prol de um bem tão nobre. Por, nesse caminho estreito e tortuoso, termos trilhado sem nos desviar. Obrigado, Pai, por cada sorriso bem dado, cada lágrima compartilhada e sofrimento aliviado. Agradecemos pela fé que protegeu nossos corações do frio da indiferença e do silêncio da ignorância. Aprendemos primeiro de Ti, Médico dos médicos, a arte de curar vez ou outra, atenuar quase sempre, e jamais deixar de consolar. Ao autor da vida, nossa mais sincera e eterna gratidão.





Pedro Lança Gomes



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Monólogo do homem póstumo



Ao usar-me em vossas elucubrações, buscando em mim compreender mais de vós, peço-vos que me olhem, antes, nos olhos. Estes contemplaram toda sorte de maravilhas, horrores, bênçãos e desgraças. Choraram, sorriram, e hoje repousam no último adeus. Peço-vos também que peguem em minhas mãos e sintam o carinho e a aspereza que um dia carregaram. Vedes meu coração? O mesmo alimentava cada pedaço de sonho em mim - lembrando-me porém, a cada batida, que o tempo, inexorável, o consumia. Meus pulmões, ora cheios do fôlego da vida, suspiraram mais paixões que desgostos! Deram-me a graça singela das últimas palavras.

Sabe, com o tempo vereis que não somos assim tão diferentes. A humanidade, crua, despreza aparência, moral, riquezas e poder. Por dentro somos todos iguais, e isso pode, as vezes, soar amedrontador. O que vedes em mim é o fim de todos e de tudo, é também como sereis quando vossas alma abandonarem a janela dos olhos. Jamais se esqueçam, portanto, de dispensar tais futilidades ao tentar desvendar vossos mistérios acadêmicos em mim.

Espero que sejais verdadeiramente gratos pelo privilégio de me terem para perpetuar o avanço de vossos conhecimentos. Saibam que não há honra maior que, mesmo após a morte, contribuir para uma missão tão nobre. Nunca terei a chance de agradecer, mas vos imploro, em um apelo um tanto egoísta, que façam do vosso trabalho a minha gratidão.





Pedro Lança Gomes