Caiu a primeira gota de chuva e eu ainda estava sentado, esperando uma ideia. Fugi um pouco e fui procurar em outro lugar.
Caminhei por várias ruas e avenidas: vi pessoas apressadas, e resolvi escrever, mas pouco durou a vontade, assim como pouco devia ser o tempo delas. Vi pessoas paradas, e tentei novamente escrever. Em vão, não havia o que dizer dessas.
Em uma esquina havia um campo, e nele vi um moleque atrevido correndo em poças de lama. Tinha a roupa em trapos, cabelos sujos, um sorriso sincero e olhos do tamanho do mundo. Foi correndo ele até desaparecer de vista, e, quando dei por mim, lá se fora meu livro!
Continuei, então, minha busca. Percebi que, a medida em que caminhava, as ruas se ramificavam em ruelas e becos. Cada vez mais e mais pessoas haviam, cada um com seu jeito: vi a miséria de uns, vi a hipocrisia de outros. Vi o amor de uns, vi a indiferença de outros. Todos vivendo a simplicidade de uma vida.
Saindo de um restaurante vi um casal se amando, loucamente apaixonados. Mal conseguia distinguir os dois, mais pareciam um só corpo, torto e desengonçado, como um bebê que aprende a caminhar. Mas não tive vontade de escrever, por um motivo simples: "Paixões são como aquelas ondas do mar, que crescem, quebram e partem, daqui pra nunca mais"
O mundo é um oceano de paixões.
A luz começou a falhar, anunciando o fim da tarde. Chovia fininho, mas a noite prometia uma tempestade.
Belo Horizonte, 2008
Pedro Lança Gomes
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