Opiniões, críticas, reflexões, comentários e saudações serão extremamente, e sempre, bem-vindos

domingo, 11 de maio de 2014

Não sei quem és

Passou e, de repente, silêncio. Dos lábios, nem as expressões! Calou tão profundo que talvez jamais recupere as palavras. Como em um poema, despedaçou as horas que contava: Parou no centro. Prendi o ar.

Se não te pertencem a mente e o coração, não cabe em uma vida estar só. O mundo é pequeno demais para um e grande o suficiente para dois. Como em uma sentença, condenou-me a amar.

Ora, que bela sentença a vida nos da! Tivesse ela ao menos o bom senso de explicar por qual alma o tempo deve parar. Já parou de desgosto pelos passos perdidos dados, de loucura pelos vários sorrisos cansados, de preguiça por tantos palpites errados. De tanto amar ao contrario, parou de parar.

Mas parou ao te ver. Parou os dias, parou a chuva, parou a Bahia, parou o carnaval, parou a guerra, parou o Oriente, parou a morte, parou a sorte, parou o presente. Parou o sono, virou o sonho, cresceu o sol, criou o tempo. Uma lagrima, duas, três... Quatro sorrisos.

Preso em palavras está tudo o que poderia ser dito de ti, mas não podem ser faladas, escritas ou cantadas: São elas vividas a cada por do sol ao teu lado, quando a vida vem, mansinha, enfeitar o céu com esperança.

E se os olhos se estranham, é talvez porque não se encontram. Mas o intento é demonstrar, já que a vida não explica mesmo...



Pedro Lança Gomes
(E a noite mais mal dormida de agosto!)






domingo, 13 de abril de 2014

O sabor do sol

Quando as manhãs não são o suficiente,
Quando o tempo devaneia sem sentido,
E até os sorrisos se abrem descontentes,
Os céus não remetem ao dom garrido.

Tido outrora do que se lembrar,
Foi-se o desejo de imaginar,
Como seria uma vida inteira
Buscando no céu as estrelas do mar!

Lama, chuva, pés descalços,
Sonhos, futuro, descasos...
Olhos maiores que o mundo!

Calos, sapatos, enfado,
Angústias, caminhos traçados...
A mente mais longe que tudo!



Pedro Lança Gomes

domingo, 6 de abril de 2014

Soneto da piedade

Logo ele, vida,
Que passou da idade de sonhar,
Que não conta mais as estrelas,
Que perdeu para as ondas do mar.

Logo ele, miserável,
Que abafou os cantos da alma,
Que esconde as cores dos olhos,
Que esqueceu o sabor das favas.

Logo um ser anacrônico,
Logo ser um atônito,
Torna-se então revoltado!

Habituou-se às duras mazelas,
Deixando de lado a dor.
Coitado, jamais esperava ele pelo amor...



Pedro Lança Gomes

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Homenagem a uma verdadeira mestra




Impressões são apenas mais uma prova de que as pessoas tem muito mais a oferecer do que elas mesmas imaginam. Ao nos encontrarmos pela primeira vez, pensamos ter conhecido mais uma professora: boa ou ruim; justa ou ignorante; honesta ou picareta; empenhada ou indiferente...  para a maioria não tínhamos resposta, mas com certeza mostrava ser dona de um bom humor incontestável! Não conquistamos a sua simpatia logo de cara, mas ela, sem se dar conta, já nos havia cativado!

Há pessoas que vivem para lembrar aos outros o quanto acham que são grandiosas, há ainda quem se iluda com a falsa ideia de que são melhores do que outros. A senhora, Luciana, constrange-nos com sua humildade, surpreende-nos com sua simplicidade, ensina-nos com a sua gentileza. A elegância é tanta, que há até os que esbocem uma paixão comportada... Logo a senhora, tão genial, tão brilhante, com mais motivos do que qualquer um aqui para se gabar, trata-nos com equidade e nos ouve como quem escuta um amigo. Sem dúvida fora essa nossa maior lição.

E, enquanto vemos tantos reclamando por tão pouco, a senhora nos da outra lição: Independentemente da adversidade que esteja vivendo, carrega no rosto o sorriso de quem nunca desiste, e, vez ou outra, quando não há palavras para expressar, deixa que as lágrimas sejam tão sinceras quanto precisem ser. Sua vida é também, para todos os que talvez se esqueçam, um exemplo de amor!

Dizer que nos espelhamos na senhora é pretensão da nossa parte; dizer que a admiramos é redundância; dizer que gostamos da senhora é muito pouco; dizer que sentiremos saudades é muito óbvio... Bom diante de tanta dificuldade com as palavras, queremos, no mínimo, nos despedir com nosso mais sincero muito obrigado: por sua dedicação, carinho, compreensão, amizade... Enfim, teremos contigo uma eterna dívida de gratidão!



À professora Luciana Gazzola, com carinho.



Pedro Lança Gomes 


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Musa das galáxias

Acontece que, de todos os momentos,
De todas as palavras, vãs e tardias,
A cada pensamento, longo e insensato,
Foram beijos, lágrimas, heresias...

E ao sonho do teu luar
Adormecem os meus anseios,
Novos, cheios, pobres estrelas cadentes,
Cismam jurar aos céus devaneios!

Caem pela paz em teus olhos!
Descobrem sua nudez, constrangidas,
Menor que teu sorriso!

Tímidas, correm ao teu encontro.
Deixam a vida plenilúnia do firmamento
Para buscar em ti, enfim, a completude...




Pedro Lança Gomes, naqueles momentos em que estudar, definitivamente, não é uma prioridade... rs

domingo, 25 de agosto de 2013

Ao deitar-se


É, pequena, foi-se o toque!
Pensou-se ser o enfoque
Das mãos que debandavam por ali.

O norte que buscava dividir,
Chegou-se aos sonhos ao sorrir:
Um suspiro breve, três cochichos...

Entre olhos e arrepios, lábios cheios.
Sentem-se só os seios sem o afago de um beijo.
Caminhos soltos, esses, perdidos em dois céus!

Adapte-me ao teu douillette meus vœux,
Que a língua já não fala por si.
Perdeu-se...!

E em toda lua, em toda noite nua,
Escorrem nos lençóis os pés trocados,
Ouve-se as brisas, que escoam tenras

É o calor que invade os ventres teus,
O mesmo que o amor enterra aos prantos meus
Bem fundo, no peito aconchegado de insossegos,
Na mente encerrada de desejos,
A voz infundada de prazer...

E o toque... Ah, o toque!
Esse é sincero como a flor,
Que nasce em esmero e sem pudor,
No jardim insaciável do meu coração!



Pedro Lança Gomes

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Declarações



Pequena, é assim que te vejo:
Bela, como a manhã das flores
Louca, como quem sabe amar
Frágil, como dois olhos prestes a chorar

Leve, como a areia beira-mar
Misteriosa, como o segredo da vida
Valiosa, como a felicidade
Sonhadora, como a liberdade

Saudosa, como a infância
Precisa, como um passo
Decidida, como uma flecha que abandona o arco

Não engole a lágrima
Não entala a alma

É obra do Deus que fez o sol

Luíza, como a luz que sempre deveria ser
Resplandece em tudo o que puder tocar
Depois descansa, delicadamente espera
O dia no qual o sol será o seu lugar.



Pedro Lança Gomes