Opiniões, críticas, reflexões, comentários e saudações serão extremamente, e sempre, bem-vindos

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Amizade é isso

Sim, venho falar a respeito dela, mais uma vez, pois ainda não esgotei minha busca por seu real sentido. De onde ela vem, ou onde a achamos, talvez permaneçam grandes mistérios. Seu fim é cego ou mesmo não existe. Logo, não tenho palavras para descrevê-la, mas sim para desenhá-la.

Era quinta-feira e a prosa mais parecia uma folha de papel rabiscada, cheia de sentidos perdidos, olhares descompassados e ideias tangenciais. Ouvia-se o ruído seco das ferraduras lascando as rochas, do vento bailando as árvores, da água lascando a terra, do tempo bailando o sol. Uma desatinada e insossa sinfonia, regida pelo silêncio dos homens que ali viandavam. O tema era vida: cada um com a sua. Comentários esparsos e palavras arriscadas esboçavam o início do que seria uma jornada deslumbrante, mas era o silêncio que melhor preenchia a lacuna dos verbos.

Passos que, embora distintos, confundiam-se, marcavam lentamente o solo húmido e lamacento. Uns andavam à frente, outros, mais modestos, mantinham ritmo mediatário. Por fim, havia os que, em movimentos suxos, remetiam ao entardecer. Eram cinco ao total, ora seis. Os dois mais adiantados talvez fossem muito semelhantes, o que os fazia completamente diferentes, como dois objetos do mesmo tamanho e cor, mas apenas metaforicamente comparáveis. Outros três, ora estranhavam-se em encontros, ora debandavam-se em concordâncias. Um último era só, mas todos ali eram menos sem sua companhia.


Seguiam sem saber que um dia, eventualmente, o sol iria se por e cada um teria um lugar para  o qual retornar. Enquanto houvesse luz do dia, apesar da fadiga, a força compartilhada seria sempre maior que os fardos.

Anos que marcaram as saudades, em caminhos distintos porém fartos de encruzilhadas - trechos compartidos em determinados momentos, seguindo determinados a grandiosos destinos.

Deixam marcas, fazem falta, mas não terminam em lágrimas, afinal, as boas lembranças não morrem, ficam encantadas!





Pedro Lança Gomes

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O passo adiante

Acordei, e já era a chuva de dezembro que amansava as folhas da mesma castanheira. Suas raízes, cansadas, ainda sustentam em galhos fortes e vivos novas folhas e manhãs. Queria eu também um belo ninho em seus ramos… repousaria os olhos em sombra fresca e a alma alimentaria-se do mais puro fôlego da vida.

Não ando à busca de motivos, mas de palavras. Já tenho em mente e coração centenas de discursos inflamados e desconexos - em ideias que se perdem antes mesmo de encontrar um sentido. Porém, vem todas de encontro ao mesmo propósito e anseio, revelando à alma dizeres de muita esperança e fé: os ventos trouxeram dos céus semente guardada pelo Pai.

Pobre do homem que busca o amor com seus próprios passos, pois mais fácil seria pisá-lo em sua ignorância que reconhecer algo que jamais compreendeu. Deus sopra vida em almas já mortificadas pela dor, e somente após amanhar, caprichosamente, entende-se o que tem nas mãos para cultivar. Cresce então, com extraordinária delicadeza, a realização de um sonho a dois.

Sabe-se lá o por que de um dizer singelo carregar, para uns, sentimentos ora confusos, ora extremamente claros, que crescem e minguam, que nascem e morrem, que chegam e partem. Para mim, no entanto, sempre teve a mesma leveza da vida através da paz de Cristo Jesus. Se olhos se encontram, se mãos se entendem, se passos se unem, não há mais o que tentar expressar. Não há mais o que tentar dizer.

Amo você!


Casa-se comigo?





Pedro Lança Gomes, 31 de Dezembro de 2015.

sábado, 27 de junho de 2015

Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um não!

Acordei um dia e queria voar. Olhava para o céu, pelas falhas da cortina: via pássaros, via nuvens, via aviões e discos voadores. Faltava alguma coisa... (sempre falta alguma coisa). Resolvi completar! Tirei a coberta, tirei o lençol, tirei as meias - fazia muito frio, mas todo o meu corpo parecia, cada vez mais, preso dentro de todo aquele pano. Levantei-me e abri, definitivamente, a janela. O vento levantou meus cabelos, e, foi ali que, de olhos fechados, ouvi o farfalhar das fenestras com um tom de liberdade. Voei, voei, voei... e nunca mais toquei o chão da mesma forma. Nunca mais toquei o chão. Nunca mas toquei. Não voltei.



Belo Horizonte, 2011




Pedro Lança Gomes

Reminiscências de inverno




Sim, vez ou outra… sonhei em passar
a vida de várias estradas,
sozinho, sem rumo sem nada,
seguindo os passos do sol.

E em cada esquina do tempo,
em cada nova jornada,
pobre dos olhos, amargos,
viviam à luz da ilusão

de poucos sorrisos cansados,
de vários deitares amargos,
à noite os retalhos no chão.

Clamando aos céus pelo abrigo
do frio deixado em razão
de muitas palavras perdidas.

Surda a solidão!
nem mesmo consolo me fora
a tão sonhada liberdade...
sozinho, e em vão!




Pedro Lança Gomes

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Soneto de dois

Tempo de conversas casuais.
Tempos, conversas atrás.
Momento de carinhos ausentes
E olhares de saudades inssonais.


Falo a língua da falta,
E a fala que ecoa a distância
Ensaia a lágrima perdida
Na essência do silêncio


Do tudo o que não me lembrei,
De tudo o que não vivi,
De tanto que não insisti


No sonho de tanto perder
Os olhos em toda ternura
Do tudo o que emana dos teus...



                                                Outono de 2014, NY.




Pedro Lança Gomes

domingo, 31 de agosto de 2014

Divergent inequality



For decades, gender inequality is an issue that has been reverberating through societies. This issue can be divided in two big fields. The first one is economic inequality, and the second, social inequality. As women’s behavior varies in according to what culture they are from, maybe the root of this problem could be cultural. In order to examine this possibility, two interviews were performed in Manhattan, New York, asking people how gender inequality occurs in their countries and in which area – business, social relationships, family – it happens more often.

The first interviewed person was Charlotte, a 20 year old American girl that studies art and design. According to her, gender inequality is very often found in North America. She used to go out at night to pubs and parties, and said that she is usually judged because of the clothes she wears. “People think that women dress just to provoke men, and that it is our fault if we are abused or even raped,” she said. It is estimated that the prevalence of women being raped (number of women that experienced rape at least one time in their lifetime) in the USA (United States of America) is between 15 – 20%. Charlotte thinks that this is because of some women behaving associated to the sexist society where we live, and not because of the way some women dress. “Men already see women as sexual objects, and because of some women’s behave, they objectify themselves even more” – she said. This means that if women want to change their image in society, they need to stop accepting and practicing objectifying habits.

While Charlotte was being interviewed, her mother, Mrs. Allen, appeared and took the opportunity to say her opinion. According to her, the biggest problem in American’s gender inequality is the prejudice that women have on each other. “They do not accept women that choose not to live objectifying themselves” – she said. She also said that in her job there is no woman working as managers or in high-level administrative positions. “It is very hard to get a job if you are a woman and have more than one child. If you succeed, you will probably make less money than a man even if doing the same job.” – said Mrs. Allen. A research did with 9,300 Americans showed that working women today earn an average of 80 cents for every dollar earned by their male counterparts, and it is being relatively consistent like this since the beginning of 21st century.

The second interviewed person was Luiza, a 23 year old Brazilian girl that studies Medicine. According to her, gender inequality in Brazil is also very frequent. “In my country, most of the women are always seen as weak and vulnerable” – she said. She related that women make less money than men do, even if working in the same jobs, nevertheless, there are more women working in domestic services for their families them in other jobs. As it is showed by IBGE (Brazilian Institute of Geography and statistics), 56% of the women in Brazil are unemployed. Seventy eight percent of the 44% that actually work earn less than five minimum salaries, 18% earns between 5 and 10 minimum salaries and only 4% earn more than 10.

“In families, men have their roles and women theirs. I do not see this as gender inequality, but as gender differences. We are not the same.” – said Luiza. Brazilian is a predominantly Christian country, and it has great influences in the way people think and behave. According to the Holy Bible, men have the duty of providing money and food to their houses and women to be submissive to their husbands. As the USA is also a Christian country, maybe it could be one of the reasons why genders have so close behaving in both countries.


Gender inequality or not, women and men are treated differently in many cultures around the world. Some of these differences could be disastrous, and some of them could help in the balance of social relationships. However, it is unquestionable that women suffer prejudice in many situations, and it is important to identify and change them. There will always be differences between genders, but inequality must be corrected to give to women the rights they deserve as much as men do.  

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Diário da Fé

Acordei e, de repente… Lembro-me de alguns sonhos, alguns papéis, algumas lágrimas e só! O mundo é outro e eu o mesmo mundinho de sempre. Sabe, se eu fosse escrever minha vida algum dia, teria poucas páginas: primeiro porque não me lembro de muita coisa, segundo porque me importo com pouco do que lembro. Mas, vez ou outra, talvez uma história valha a pena contar.


Capitulo 1 – Tempo

Sou rocha, e minhas palavras ondas do mar. Algo de alguám perdido nas próprias memórias.

Eram cinco horas da manhã e as coisas voavam aleatórias por entre os dedos. As nuvens dançavam os olhos que faziam círculos no infinito do céu da boca do estômago… E nunca entendi por que raios acordei com as mãos babadas e o queixo dolorido, feito uma criança que tenta engolir a propria cabeça! Sem despertador ou luz, e nenhuma vontade de pedir mais cinco minutos! Os sonhos perdem o significado quando estão sendo realizados.

Era uma madrugada monótona de junho. Não havia nada que a fizesse parecer mais especial. Porém, a garoa era lenta, o vento era triste e o céu, saudoso. Nao é o mundo que muda, somo nós. Era momento de falar o minimo e fazer tudo o que não faria sentido mais tarde! Muito carinho e cuidado, poucas lágrimas, tanto adeus, tanto… que não tinha mais despedidas. 

A força contrária à distância é a esperança, o que alimenta a alma é a fé e o que sustenta os passos é o amor. O maior desses continua sendo o amor. Repetir mentiras para que todos também mintam para si e algo confortante, mas hora ou outra a verdade vem à tona. Dormi, acordei, dormi, sonhei que acordei, e acordei dormindo. Fora tão pouco tempo… parecia só mais um sonho.




Pedro Lança Gomes