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sábado, 27 de junho de 2015

Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um não!

Acordei um dia e queria voar. Olhava para o céu, pelas falhas da cortina: via pássaros, via nuvens, via aviões e discos voadores. Faltava alguma coisa... (sempre falta alguma coisa). Resolvi completar! Tirei a coberta, tirei o lençol, tirei as meias - fazia muito frio, mas todo o meu corpo parecia, cada vez mais, preso dentro de todo aquele pano. Levantei-me e abri, definitivamente, a janela. O vento levantou meus cabelos, e, foi ali que, de olhos fechados, ouvi o farfalhar das fenestras com um tom de liberdade. Voei, voei, voei... e nunca mais toquei o chão da mesma forma. Nunca mais toquei o chão. Nunca mas toquei. Não voltei.



Belo Horizonte, 2011




Pedro Lança Gomes

Reminiscências de inverno




Sim, vez ou outra… sonhei em passar
a vida de várias estradas,
sozinho, sem rumo sem nada,
seguindo os passos do sol.

E em cada esquina do tempo,
em cada nova jornada,
pobre dos olhos, amargos,
viviam à luz da ilusão

de poucos sorrisos cansados,
de vários deitares amargos,
à noite os retalhos no chão.

Clamando aos céus pelo abrigo
do frio deixado em razão
de muitas palavras perdidas.

Surda a solidão!
nem mesmo consolo me fora
a tão sonhada liberdade...
sozinho, e em vão!




Pedro Lança Gomes