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domingo, 16 de junho de 2013

Lágrimas de despedida





O tempo diz muito a respeito dos sentimentos, a distância, mais ainda. Isso por um motivo bem simples: enquanto o tempo traz a falta, a distância traz a saudade.

A ausência de expectativas relacionadas ao encontro torna tudo sempre muito doloroso. Na medida em que as recordações suaves e a nostalgia começam a dar nomes aos suspiros, o que era um desconforto passa a tomar proporções melancólicas e que beiram a angústia. Surge então uma lacuna factual e afincada ao pensamento. Esta pode parar de crescer, mas nunca de incomodar. Tal espaço só pode ser preenchido de duas maneiras: a primeira, com o que originalmente o ocupava; a segunda, com a substituição de algo que o ocupe de forma semelhante. Sendo assim, muitos encontram uma forma de se completar, embora sempre vá existir os que não o farão ou jamais conseguirão.

Segundo Freud, o que não vira palavra vira sintoma. Talvez o que não vire saudade, vire palavra. Muito do que é escrito a respeito de tal sentimento pode ser acepcionado de maneira diferente por cada indivíduo. Ora compreensível, ora non sense, mas sempre dizendo muito mais do que pode expressar: assim é a palavra do que espera.

Laços rompidos, ou desfeitos, entre pessoas podem ter as mais variadas conotações: para uma jovem que terminou seu namoro recentemente, o sentido é algo entre a solidão e a dor da separação; para um senhor de 70 anos que perdeu a esposa, algo como perder mais da metade de si; para o que perde um amigo, um choro sem ombro; para o que perde a mãe, um muito obrigado que não pode mais ser ouvido; para quem perde um filho, algo que  não pode simplesmente ser descrito. São resultados de incansáveis permutações que nos levam a viver não por nos mesmos, mas pelo que significamos e pelo que significam para nós.

Por outro lado, existem as memórias deixadas por todas essas pessoas que nos são caras, e é através delas que a saudade passa a se tornar gratidão: pelos sorrisos, lágrimas, suspiros, sonhos, histórias, aprendizados, inspirações e tudo quanto possa ser agradecido. E, enquanto houver lembranças, não haverá o que nos faça pensar que viver não tenha valido a pena.

Graças à esperança, o que nos une em sinceridade à alguém pode dar a volta ao mundo, pois os laços são longos, e o amor é forte.



Pedro Lança Gomes

















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