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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Meu livro

        Caiu a primeira gota de chuva e eu ainda estava sentado, esperando uma ideia. Fugi um pouco e fui procurar em outro lugar.
 
       Caminhei por várias ruas e avenidas: vi pessoas apressadas, e resolvi escrever, mas pouco durou a vontade, assim como pouco devia ser o tempo delas. Vi pessoas paradas, e tentei novamente escrever. Em vão, não havia o que dizer dessas.

  Em uma esquina havia um campo, e nele vi um moleque atrevido correndo em poças de lama. Tinha a roupa em trapos, cabelos sujos, um sorriso sincero e olhos do tamanho do mundo. Foi correndo ele até desaparecer de vista, e, quando dei por mim, lá se fora meu livro!

  Continuei, então, minha busca. Percebi que, a medida em que caminhava, as ruas se ramificavam em ruelas e becos. Cada vez mais e mais pessoas haviam, cada um com seu jeito: vi a miséria de uns, vi a hipocrisia de outros. Vi o amor de uns, vi a indiferença de outros. Todos vivendo a simplicidade de uma vida.

  Saindo de um restaurante vi um casal se amando, loucamente apaixonados. Mal conseguia distinguir os dois, mais pareciam um só corpo, torto e desengonçado, como um bebê que aprende a caminhar. Mas não tive vontade de escrever, por um motivo simples: "Paixões são como aquelas ondas do mar, que crescem, quebram e partem, daqui pra nunca mais"

  O mundo é um oceano de paixões.

  A luz começou a falhar, anunciando o fim da tarde. Chovia fininho, mas a noite prometia uma tempestade.

Belo Horizonte, 2008




Pedro Lança Gomes





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