Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um não!
Acordei um  dia e queria voar. Olhava para o céu pelas falhas da cortina: via  pássaros, via nuvens, via aviões e discos voadores. Faltava alguma  coisa... (sempre falta alguma coisa). Resolvi completar! Tirei a  coberta, tirei o lençol, tirei as meias - fazia muito frio, mas todo o  meu corpo parecia, cada vez mais, preso dentro de todo aquele pano.  Levantei-me e abri, definitivamente, a janela. O vento levantou meus  cabelos, e foi ali que, de olhos fechados, ouvi o farfalhar das  fenestras com um tom de liberdade. Voei, voei, voei... e nunca mais  toquei o chão da mesma forma. Nunca mais toquei o chão. Nunca mas  toquei. Não voltei.
Belo Horizonte, 2011
Pedro Lança Gomes
 
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